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quinta-feira, 5 de março de 2015

Colocando na ponta do lápis os prejuízos da bagunça em sala de aula

Pessoal, boa tarde, muito obrigado a todos que vem seguindo meu blog, 

Lendo alguns jornais esta semana, observei uma pesquisa da OCDE feita com professores de 33 países ao longo de 2013 e pasmem, o Brasil está no topo de um novo ranking: o de quantidade de “alunos-problema”. Seis em cada dez professores brasileiros ouvidos no estudo internacional disseram que pelo menos 10% dos alunos são agressivos com colegas e com professores, chegam atrasados e cometem até delitos como roubo em plena sala de aula. É o maior índice de “alunos-problema” entre os países pesquisados.

Com tantas questões de comportamento entre os alunos, um professor no Brasil gasta, em média, 20% do tempo de aula para colocar ordem na sala (a média internacional é de 13%). É muito tempo. Quer ver? Imagine uma escola que tenha a carga horária mínima que é de quatro horas diárias — ou 800 horas distribuídas em 200 dias letivos. Se os professores dessa escola gastarem 20% dessas quatro horas diárias colocando ordem na sala de aula, serão 48 minutos perdidos por dia, restando apenas 3 horas e 12 minutos para o conteúdo.

Vamos fazer uma conta ainda mais cruel. Que tal multiplicar os 48 minutos gastos diariamente com a bagunça na sala de aula pelos 200 dias letivos ao longo do ano? Surpresaaaaa: são 160 horas a menos de conteúdo por ano. Sabe o que dá para ensinar de matemática, ciências ou Física em 160 horas? Nossa, muita coisa.
 “Nosso dilema na escola não é o conteúdo em si porque este a gente domina e dá conta. Agora dar conta desses limites, dessa diversidade, dessa  indisciplina é o que é complicado”, relata um professor nesse estudo.

Esse processo todo obviamente não tem apenas uma explicação. Há, pelo menos, uma dezena delas. O que se vê nas escolas hoje em dia são alunos desestimulados com conteúdos distantes da sua realidade, professores sem autonomia e sem autoridade e falta de perspectiva futura do jovem ou seja: o aluno continua indo às aulas, mas se distancia do conteúdo, da escola e do professor. Não vê sentido naquilo tudo. E, se não houver uma intervenção, esse mesmo aluno acaba largando a escola e ainda pode levar um monte de aluno bom junto (vale lembrar: hoje, um em cada dois jovens não termina o ensino médio no Brasil.)


Ok, já sabemos que bagunça e comportamento atrapalham –e muito– a educação no Brasil. Já conseguimos até calcular o tempo de conteúdo perdido em sala de aula. Ótimo. Mas o que estamos fazendo para lidar com essa questão? Ou será que estamos procurando melhorar pessoalmente, sendo mais consciente do nosso dever de respeitar nossos educadores? Respeitar o colega que veio para aprender, para realmente estudar e não se divertir?  Sugiro aos colegas que façam esta reflexão, pois irão crescer como pessoa, como ser humano e somente assim o Brasil poderá sair dessa péssima colocação e a qualidade da nossa Educação avançar.

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